BY JORGE CIPRIANO
Foto: clubevinhosportugueses |
Por forma a contornar a má imagem dos vinhos do Ribatejo,
entendeu-se e bem alterar esta denominação.
História da Região
Situado no Centro de Portugal, o Ribatejo, com uma vasta
superfície agrícola utilizada (SAU), de 258.000 ha., cerca de 7% da nacional e
com uma área florestal de 160.000 ha., perto de 17% da nacional, possui
inegáveis condições naturais para o desenvolvimento das actividades agrícolas,
florestais e pecuárias.
A história da viticultura no Ribatejo perde-se nos tempos,
já que a existência de vinha no Ribatejo é muito anterior à nacionalidade,
conforme atestam os amarelados manuscritos em papiro, do tempo dos romanos que
terão sido os principais introdutores da cultura da vinha nesta Região.
Em documentos emanados de Reis como D. Afonso Henriques, D.
Sancho II e D. Fernando, só para citar alguns são variadas as referências às
vinhas e aos vinhos do Ribatejo.
Também Fernão Lopes cita “as grandes carregações de vinho”
referindo “que a exportação média anual chegou a carregar 400 a 500 navios e
que num ano atingiu 12.000 tonéis de vinho”.
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Porém, o apogeu do comércio destes vinhos foi sobretudo no
século XIII, no fim da sua primeira metade, que só para Inglaterra, chegou a
atingir a cifra de quase 30.000 pipas.
A vinha teve ainda um papel preponderante na colonização do
Ribatejo.
Entre 1900 e 1960, a população do continente aumentou cerca
de 61% tendo tido no Ribatejo, sensivelmente a mesma evolução. No entanto, nos
concelhos de maior incidência vitivinícola do Ribatejo (Almeirim, Alpiarça,
Cartaxo, Chamusca, Coruche, Rio Maior, Salvaterra de Magos e Santarém), o aumento
de população no período considerado foi de cerca de 175% e só em Almeirim este
aumento foi de cerca de 228%.
O principal acidente orográfico existente no Ribatejo é a
Serra de Aires e Candeeiros, delimitando o que podemos chamar de Alto e Baixo
Ribatejo e em termos hidrográficos o Rio Tejo, pela sua dimensão e pela sua
regular irregularidade (cheias) continua a condicionar, umas vezes para o bem
outras para o mal, as actividades agrícolas da Região. A vinha, ainda assim, é
por norma a cultura menos afectada pelas cheias que ocorrem cada vez com menos
frequência, graças à gestão dos caudais feitas pelas diversas barragens.
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Encontramos na Região três zonas distintas de produção,
conhecidas como “O CAMPO”, “O BAIRRO” e a *“CHARNECA”.
O CAMPO, com as suas extensas planícies, adjacente ao Rio
Tejo, conhecido também como a LEZÍRIA DO TEJO, sujeita a inundações periódicas,
que se causam alguns transtornos, são também responsáveis pelos elevados
índices de fertilidade que aqueles solos de aluvião possuem, é, por excelência
a zona dos vinhos brancos, onde a casta Fernão Pires é rainha.
O BAIRRO, situado entre o Vale do Tejo e os contrafortes dos
maciços de Porto de Mós, Candeeiros e Montejunto, com solos argilo-calcáreos em
ondulados suaves, é a zona ideal para as castas tintas, nomeadamente a Castelão
e Trincadeira.
A CHARNECA, localizada a sul do CAMPO, na margem esquerda do
Rio Tejo, com solos arenosos e medianamente férteis, se por um lado apresenta
rendimentos abaixo da média da Região, por outro lado induz a um afinamento,
quer de vinhos brancos, quer de vinhos tintos.
No Ribatejo existem actualmente cerca de 19.989 hectares
plantados de vinha (representam cerca de 8.5% do total nacional), dos quais
11.993 ha são de castas brancas (60% da produção) e 7.996 ha são castas tintas
(40% da produção), que produzem anualmente, no total, cerca de 800.000 hls de
vinho (representam cerca de 12% do total nacional). Destes 800.000 hls são
certificados cerca 76.000 hls dos quais 81% são vinho regional e 19% são vinhos
com Denominação de Origem Controlada (DOC). Cerca de 30% da produção dos vinhos
certificados (DOC e Regional) destinam-se à exportação.
As plantações são alinhadas. O sistema de condução
tradicional é a vinha baixa, embora a introdução da vindima mecânica tenha
vindo a introduzir alterações, nomeadamente na altura da vinha.
A produção média total da Região no triénio 2004/05/06 foi
de cerca de 804.000 hl., sendo a produção estimada para a campanha de 2006/2007
de cerca de 639 000 hl.
A produção média situa-se entre os 32 e os 36 hl./ha., sendo
o limite máximo definido nos Estatutos da
Denominação de Origem, de 80 hl/ha.
para os vinhos tintos e de 90 hl/ha. para os vinhos brancos.
*Charneca é o
nome comum português de um habitat caracterizado por vegetação xerófila (São
plantas adaptadas à aridez (mandacaru, xiquexique, faveiro), elas possuem folhas
atrofiadas, caules grossos e raízes profundas para suportar o longo período de
estiagem), tipicamente urze (Calluna vulgaris) de Portugal, análoga ao maquis
do Mediterrâneo francês e ao heath das ilhas britânicas e o fynbos da África do
Sul. Extensivamente dá-se o nome de charneca a terrenos áridos e pedregosos
cobertos de urze. No Brasil, curiosamente, o termo ganhou significado oposto,
representando área de características pantanosas, como brejos e banhados,
cobertos de vegetação baixa, ou capinzais com algum grau de alagamento.
Grato pela menção à minha página. O autor.
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